Entrevista
			Diário da Tarde
(Entrevista com o escultor Franz Weissmann por 
			ocasião da obtenção do 2o premio de escultura na 3ª Bienal de Arte 
			em S. Paulo)
			 
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Franz Weissmann há vários anos 
			radicado em Belo Horizonte, aqui tendo constituído sua família, uma 
			figura bem conhecida nos meios artísticos do pais. Na capital, 
			manteve, durante algum tempo, um curso sobre escultura anexa à 
			Escola de Belas Artes de Belo Horizonte tendo iniciado diversos 
			jovens nesse setor das artes plásticas.
			
			Os críticos, ao comentar seus trabalhos, dizem que estão enquadrados 
			dentro da tendência atual da arte denominada concretismo. Poderia 
			nos dar alguns esclarecimentos sobre este rumo tomado pelas artes 
			plásticas?
			
			“- Concretismo, a meu ver, é a superação da arte dita abstrata. O 
			abstrato parte sempre de um determinado objeto, ou série de objetos, 
			que são despojados de sua individualidade e transportados ao mundo 
			plástico em formas e cores. Não se esgota aqui, porém, a 
			conceituação do que é abstrato, no terreno artístico, porque seu 
			sentido é muito amplo e, por isso mesmo, se torna difícil precisar a 
			sua significação numa rápida entrevista. Do mesmo mal, padece o que 
			denominamos figurativismo e tudo o mais terminado em <ismo>.
			O concretismo, em resumo, tem como ponto de partida a idéia e a sua 
			objetivação na obra de arte. É, vamos dizer, a visualização 
			artística de uma idéia. 0 concretismo é uma evolução lógica da arte 
			e conseqüentemente, uma reação contra o abstracionismo e o 
			figurativismo.
			
			Essas denominações, em última análise, nada acrescentam à obra de 
			arte. No fundo, o que existe é a reação do homem contra a natureza; 
			reação que se objetivlsa, com maior evidencia, na obra artística. 
			Toda expressão artística é uma manifestação anti-natural. Não visa a 
			obra de arte a copiar, interpretar ou melhorar a natureza, e sim 
			criar algo contrario, a ela.”
			
			Finalmente, uma última pergunta: quais os seus planos para o futuro?
			
			“Procurar um lugar onde possa trabalhar e sobreviver. Não tenho 
			preferência por centros maiores como Rio e São Paulo. Minha intenção 
			seria ficar em Minas, porém, vejo que há muito poucas possibilidades 
			para a concretização desse desejo”.
 
Diário da Tarde, Belo Horizonte, 1955