Franz Weissmann

O cubo

 

O Cubo - Texto de: Frederico Morais

Coluna concretista II

1952 - 2003

- "O quadrado e sua transposição à terceira dimensão, o cubo, são as formas mais puras, mais equilibradas. Por isso servem de ponto de partida para o desenvolvimento de meus trabalhos. Com eles procurei criar espaços modulados em função do princípio de equilíbrio". FW 1975 Consultar...

- "Eu gosto de desarticular o cubo". FW 1997 Consultar...

Em sua fase concreta/neoconcreta, Weissmann atuou no sentido de anular a presença do material, de torná-lo secundário ou acessório. Para ele, então, o verdadeiro material não era o alumínio, o ferro ou a madeira, mas o vazio.

Este vazio não era (não é), entretanto, ausência de massa. Não é um buraco, o oco da forma. Weissmann não esculpe dentro da tradição, isto é, não desbasta nem agrega, ele cria espaços, lida com estruturas. Assim, o vazio neoconcreto é, na verdade, uma presença, é um espaço que se cria, novo, surpreendente. É um silêncio que subitamente grita e se faz ouvir. Na escultura figurativa, por seu conteúdo narrativo, é mais difícil encontrar o vazio como tendo uma expressão própria. Foi a partir da arte concreta que ganhou autonomia, como se pode ver em Cubo vazado (1950/1951), que é a primeira obra rigorosamente concreta criada no Brasil.

Cubo vazado

Nessa obra o vazio existe. E significa. E esta descoberta, que se renova no espectador, provoca uma grande euforia. O caráter inovador da obra era tão perturbador que desorientou o júri da 11 Bienal de São Paulo, que acabou por recusá-la. Quatro anos depois, entretanto, receberia, na mesma bienal, o prêmio de melhor escultor nacional.

O Cubo vazado (que na verdade deveria ser chamado de "cubo virtual") é, de fato, uma obra inusitada pelo contraste que o artista criou entre aquilo que, nela, é real, tem matéria, peso, contorno, que tem tactilidade, enfim, e aquilo que é imaterial, impalpável, que é virtualidade pura. Esta obra ajuda a esclarecer, definitivamente, a diferença entre o simplesmente vazado (transpor a massa, ato mecânico) e o vazio. Este é algo mais sutil: o espaço nasce, emerge, desabrocha, manifesta-se virtualmente, mas, quando o percebemos, impõe-se de tal maneira que não conseguimos mais esquecê-lo.

Estrutura linear

Estrutura linear, de 1954, pode ser vista como a versão linear do Cubo vazado, sendo constituída de dois cubos virtuais, que se interpenetram sem perder sua individualidade. Num dos cubos, a linha está pintada de preto; no outro, de branco. É fácil para qualquer um fazer a transposição visual entre as duas peças. (...)

Artista construtivo, Weissmann encontrou no quadrado o arquétipo da beleza pura - o ângulo reto como bússola a guiar sua criação. Arrancou da matéria bruta o cubo virtual: o vazio, que é silêncio. Fez dele uma realidade.

A usina criativa de Franz Weissmann - Frederico Morais - Revista Piracema -1994


 

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